14 de set. de 2011

Dúvidas frequentes sobre Esperanto (via BEJO)

Via BEJO (Brazila Esperantista Junulara Organizo

Dúvidas frequentes
Perguntas e respostas retiradas de um folheto da Liga Brasileira de Esperanto e do TTT-ejo do Grupo Esperantista da Baixada Santista e adaptadas por Felipe de Oliveira Queiroz.


1. Esperanto? O que é isso?

R.:
  É uma língua criada pelo lingüista e médico oftalmologista L. L. Zamenhof, com o intuito de que todo o mundo a adote como a ponte entre todos os povos. É uma língua planejada, sem exceções gramaticais, regular, simples e além de tudo neutra, pois não é de nenhum povo em particular nem oficial de algum país, mas sim de todos os povos. Ou seja, ninguém precisa abrir mão da sua língua materna, o que é um patrimônio e precisa ser preservado. Porém em relações internacionais, usa-se o esperanto. Assim, tudo será mais democrático e barato. Para mais informações, veja a seção "O que é Esperanto?" no nosso menu.

2. Mas e o inglês? Se temos o inglês, que o Esperanto se exploda, não precisamos dele.

R.:
  O inglês nunca se firmará como língua internacional, pois como toda língua natural, é muito difícil. Tudo bem, muitos dizem o contrário, mas então vamos pensar sobre esse assunto. O inglês é cheio de regras, e dentro dessas regras existem inúmeras exceções. Hoje em dia, nós brasileiros estudamos inglês ao menos desde a 5ª série do ensino fundamental, sem falar nas escolas particulares que geralmente começam a ter inglês como matéria no pré-primário. Escolas de língua inglesa existem em cada esquina. Cursos em forma de revistas são encontrados em todas as bancas, com direito a fitas k-7, CD, e toda a parafernália. Filmes em inglês, nem se fala. E com tudo isto a favor, quantos que REALMENTE falam inglês? Bom, como disse, o inglês é uma língua riquíssima em exceções e nacional. Pense, por exemplo, naquela gama de verbos irregulares (to eat, to buy, e outros). Pense na não-lógica da pronúncia da língua inglesa. Pense no dinheiro e no tempo gastado para aprender o inglês. Muitos jovens do mundo todo se inscrevendo em programas de intercâmbio para países anglófonos, jovens coreanos fazendo cirurgias linguais para melhor falar inglês, enquanto os anglófonos... ...ah, os anglófonos possuem a enorme vantagem de possuir o english como língua materna, e estudarem outra língua por prazer e livre e espontânea vontade. Lembre-se, apenas 6% a 9% do mundo falam inglês. Você acha certo 91% a 94% serem obrigados nesse mundo globalizado a aprenderem a língua inglesa? Nós já vivemos sob esse grande bombardeio do inglês no Brasil e poucos possuem o real interesse de aprender. Isso já nos diz muito.

Como disse o professor Pedro Cavalheiro, os anglófonos apoiam o inglês dado como matéria nas escolas porque este forma consumidores fiéis de seus países: "...a escola FORMA. E nesse caso, forma consumidores dóceis da cultura norte-americana e inglesa. Consumidores de música, cinema, turismo e tudo mais que nos chegue em inglês. É fácil constatar. Se eu colocar aqui para tocar um Rock em, digamos, japonês ou grego, muita gente vai rir ou achar estranho demais. Mas ouvimos Rock em inglês, que é língua de origem antípoda à nossa, como já dissemos, e achamos 'natural', 'bonito'. Nossos ouvidos foram treinados para gostar, para não estranhar, para consumir. E assim a escola atingiu o único objetivo que tem podido alcançar com o ensino do inglês: formar consumidores de inglês. Não falantes. Não leitores. Não usuários. Não beneficiários. Apenas dóceis consumidores." Afirmou ele em sua palestra no evento "O Esperanto nas Arcadas" ocorrido em 10 de outubro de 2003 na Faculdade de Direito da USP no Largo do São Francisco.

Que fique bem claro, ninguém precisa deixar de aprender inglês, além disso, o inimigo do esperanto não é a língua inglesa em si. Mas é preciso parar de tratar o inglês como língua internacional, e tratá-lo como simpesmente um idioma nacional, bonito, rico, cheio de cultura, porém nacional, assim como o coreano, o japonês, o italiano, o francês, o urdu, o bengali, o shuawili ou qualquer outro. Adotando-se o esperanto maciçamente, idioma muito mais simples, gasta-se menos tempo, menos dinheiro, e ganha-se mais democracia. Outra coisa que poucos sabem, quem aprende esperanto aprende inglês e quaisquer outras línguas mais facilmente, e tal afirmação é subsidiada por pesquisas de várias universidades, como a Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade de Paderborn (Alemanha).

3. Ora, não seria muito mais fácil escolher o chinês, que é o idioma mais falado no mundo?

R.:
  Não é aconselhável. É um idioma extremamente difícil. Pense apenas na enorme quantidade de ideogramas que deverá ser aprendido apenas para ler um simples jornal (pense em um número bem grande, uns 5 mil por aí, ou mais). E uma língua internacional tem que ser simples, fácil, prática e neutra, o que certamente o chinês não é. Por mais que a língua chinesa seja a mais falada no mundo, vale muito mais a pena por diversos motivos (facilidade, gastos, etc.) os não-esperantófonos aprenderem esperanto do que os não-sinófonos aprenderem o chinês!

4.  Certo, certo... Mas escutei que o esperanto é a língua dos espíritas! É verdade? Acho que vocês estão querendo me passar a perna...

R.:
  Os espíritas utilizam a língua com muito sucesso, mais precisamente desde 1910, principalmente no Brasil. Mas o espe- ranto não tem nada a ver com religião nenhuma, como foi dito, foi projetado para o mundo todo, não apenas para esta ou aquela religião, ou este ou aquele grupo específico. Para confirmar isto, há alguns fatos, não serão citados tantos para não cansar, mas alguns que quebre este estereótipo de "língua dos espíritas":

1. Zamenhof, o criador do esperanto, era de família judia, apesar de não ser muito religioso;

2. O xintoísmo Oomoto em todo o mundo, mas princi- palmente no Japão, utiliza o esperanto do mesmo modo que os espíritas;

3. No Vaticano existe a Radio Vaticana, católica, que transmite sinais para todo o mundo em esperanto;

4. Ah, sem contar que no mundo existe a ATEO (Associação de ateus esperantistas);

Portanto, podemos concluir que o esperanto não é a língua dos espíritas, e nem de religião nenhuma, e sim a língua de todos! O esperanto sempre foi tachado erroneamente de uma coisa ou outra, muitas vezes por evitar a propagação! Sim, já foi rotulado de judeu, de comunista, de tudo o que for imaginável, muitas vezes propositalmente. Já foi inclusive proibido em países como Japão, Alemanha, Rússia e Portugal. Inclusive não faz tanto tempo assim, nos tempos da guerra do Golfo o único professor declarado de esperanto foi expulso do Iraque por Saddan Hussein! É agora a hora de esclarecer tudo.

5. Hummm... Mas então, o esperanto é fácil de aprender?

R.:
  Pelo menos é muito mais fácil que aprender inglês ou qualquer outra língua. No esperanto, todos os verbos são regulares, todas as pessoas são conjugadas igualmente, existem apenas 16 regras gramaticais. E dentro destas regras nenhuma possui exceção. A pronúncia também segue uma lógica. O que mais? São muitas vantagens. E por aí vai, como foi dito, é uma língua planejada e regular! Já o inglês, que muitos defendem, possui o maior número de verbos irregulares do mundo entre as línguas (sim, está no Livro dos Recordes, o Guiness Book!). Os radicais são de línguas indo-européias, como o latim, as línguas neolatinas, as eslavas, as anglo-saxônicas, o iídiche, o sânscrito, o hebraico e o grego. Já a lógica do idioma, como a contagem de números e a aglutinação de palavras, é análoga à lógica dos idiomas orientais, como o japonês, o chinês e o coreano. Alguns lingüistas dizem, comparando-o com uma pessoa, que o esperanto possui o corpo ocidental e a alma oriental.

6. Então, mas onde posso aprender esperanto?

R.:  Pelo Brasil e pelo mundo, há vários lugares que possuem grupos de estudos de esperanto, e para participar, geralmente paga-se absolutamente nada ou algum pagamento simbólico, quando muito apenas os livros, que são geralmente acessíveis pelo preço a ser pago. Aqui mesmo neste sítio há links muito bons de cursos grátis, associações esperantistas, etc.

Em muitas universidades do Brasil e do mundo há cursos de esperanto, temos como exemplo a UNICAMP (Campinas-SP), a UFSC (Florianópolis-SC), PUC-RJ (Rio de Janeiro-RJ), UFJF (Juiz de Fora-MG) e a UFC (Fortaleza-CE)... E não só em universidades, mas diversos outros locais. Também pode-se pesquisar pela internet, há vários cursos online. Há também inúmeros congressos pelo mundo afora, muitos esperantistas trocando cartas e e-mails entre si, canais do IRC, comunidades do Orkut, grupos no Yahoo, etc. Acontece anualmente também um congresso mundial de esperanto (em uma cidade em qualquer lugar do mundo escolhida pela Associação Universal de Esperanto) e em vários países ocorrem congressos a nível nacional, estadual, municipal, regional, fora alguns encontros. No Brasil, por exemplo, os congressos nacionais de 2004 a 2008 aconteceram respectivamente em Maceió-AL, Porto Alegre-RS, Campinas-SP, Rio de Janeiro-RJ e Fortaleza-CE, e os de 2009 e 2010 acontecerão em Juiz de Fora-MG e Campo Grande-MS.

7. Mas é uma língua que pouca gente fala...

R.:  Depende. Há pelo menos 3 milhões de pessoas que falam esperanto fluentemente em todo o mundo segundo projeções sóbrias. Alguns dizem que existem até 20 milhões. É muito difícil chegar a um número exato, pois em 1 ano de estudo uma pessoa já pode estar falando razoavelmente bem, então dependendo da divulgação, o número de falantes pode aumentar bastante de um ano a outro. Com a internet, esse número têm aumentado ainda mais. O Esperanto hoje é uma língua reconhecida e incentivada pelos seus méritos e qualidades pela ONU e pela UNESCO, e já ganhou 5 Prêmios Nobel. Seria bom lembrar que, o esperanto tem menos de 120 anos de vida. O inglês, o português, o castelhano, o francês, e outras 'grandes' línguas demoraram muito mais para serem hoje o que são. Se fizermos uma analogia do esperanto com uma criança, o esperanto seria um garoto de 6 meses que lê, escreve, toca violino, acordeom, faz equações de 2º grau de cabeça e ainda sabe alguma coisa de computador. Lembre-se do tempo que demorou pro inglês sair da pequenina ilha britânica e se propagar pelo mundo. Ou pro português ser hoje o que é. Há o seguinte fato, o esperanto é falado em 110 países, nos 4 quadrantes do mundo, o que falta é pessoas se informarem mais sobre, abandonar os estereótipos que o esperanto possui hoje e estar aberto a aceitar uma idéia nova e boa. E perdão, não aprender o Esperanto somente porque "pouca gente fala" não é inteligente. Se você aprender, já é um falante a mais. E se outra pessoa resolve fazer o mesmo, e outra, e outra, pronto, temos mais falantes! Agora, com braços cruzados e sem atitude, com todos pensando "como há poucos falantes não vou aprender", não resolveremos nada nesse mundo. Como disse, ninguém precisa abrir mão de seu idioma materno, muito menos de aprender língua nenhuma, mas nenhuma língua nacional tem condição nos dias de hoje de ser a língua internacional, ou "universal" como gostam de se retratar ao inglês.
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